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Archive for 16 de outubro de 2008

É tudo verdade?

Post rápido, dia cansado. Já que o tema é cinema, o que me interessa agora é documentário. (Aliás, cansado por conta da oficina de produção de documentário na Mostra de Curtas de Campinas). Então uma discussão que sempre sai no meio cinematográfico é em relação à verdade. “Documentário é verdade”. Mentira. Até porque documentário é cinema e, cinema é algo que se resignifica ao longo da história. Imagine a sensação de quem assistiu ao primeiro filme da história e a de quem assiste ao mesmo filme hoje. As mesmas imagens significam de forma diferente ao longo do tempo. Mas não fujamos. O tema é documentários e, como eu ia dizendo, documentário não é verdade. Fica mais fácil talvez se compararmos documentário à ficção. Assim como na ficção, não é muito produtivo falarmos de verdade ou mentira na articulaçao de idéias a respeito de uma determinada realidade. A realidade existe e está em transformação. O documentário existe na realidade (e portanto em transformação histórica, como eu disse anteriormente). A questão é que na ficção o mundo sobre o qual se diz verdades ou mentiras é um mundo inventado. No documentário, não: o mundo é o mundo real. Mas aí, você me diria, e se eu faço o cara repetir a mesma fala trinta vezes porque não consegui a melhor iluminação? Bem, continua sendo documentário. E há uma série de perguntas desse gênero que podem ser feitas (várias dessas perguntas estão no livro “Mas afinal… o que é documentário?”, Fernão Pessoa Ramos (bem que ele podia se chamar Fernão Capelo Gaivota hehehe)). Mas estas perguntas não quero e não posso aqui desenvolver. A questão central do que queria dizer é que documentário é um gênero do cinema e tem uma formatação construída históricamente. Então, se o cara repete trinta vezes a mesma fala (como no documentário Santiago, por exemplo), mas é um personagem real, o filme é um documentário. então repito: o documentário faz asserções (sic) sobre o mundo real. Essas asserções podem ser verdadeiras, falsas, parciais, propagandísticas, amplas, inúteis, malintensionadas, caridosas, podem ser do terceiro setor ou financiadas pelo empreendedorismo do capital. A questão não é essa. Documentário é documentário, verdade é outra coisa.

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